Eu, escrevendo ou falando sobre Golf, não me posso nunca dissociar de ser membro da Direcção da Associação de Golf do Norte de Portugal (AGNP). Na AGNP temos a árdua tarefa de representar os interesses de todos os nossos Associados, sejam eles Clubes com campo ou Clubes sem campo.
Neste sentido, não podia deixar passar o que tem sido um ataque constante aos Clubes com campo em Portugal nas últimas semanas, principalmente através do Facebook. Já li de tudo: praticam preços de green-fees bastante elevados, são muito restritos, são elitistas, etc., etc.
No entanto, as pessoas esquecem-se do papel fundamental que desempenham estes Clubes no Golf Nacional. É nesses clubes que se pode verdadeiramente apreender o conceito de “jogar Golf”, pois não consiste apenas em pegar num taco grande e tentar bater numa bola pequenina. “Jogar Golf” é um conceito muito mais rico e abrangente.
A Etiqueta (parte do livro de Regras) é a mais importante caracterísitca de um jogador de Golf. Ninguém, mas mesmo ninguém, pode ser bom jogador se não tiver boa Etiqueta, isto é, se não for capaz de saber estar dentro e fora do campo de Golf.
Porque se for mal-educado, se não cumprir as regras, se for desonesto, se não souber aceitar as derrotas da mesma maneira que as vitórias, se não cuidar do campo, se não der passagem ao grupo de trás quando está desposicionado, etc., tanto faz que bata bem ou mal na bola. Nunca saberá “jogar Golf”.
E esta forma de estar só pode ser completamente adquirida com a vivência com pessoas capazes de a transmitir e ensinar.
Outra vertente muito importante é a formação de jogadores. Os jovens podem aprender os primeiros passos em Clubes sem campo, mas para crescerem como jogadores, e pessoas, e poderem compreender o que significa “jogar Golf” precisam da tal vivência referida no parágrafo anterior. Precisam da companhia e camaradagem dos colegas de equipa, precisam dos ensinamentos dos sócios mais antigos e precisam da cultura de um nível de exigência alto em termos de respeitar o Golf e os seus praticantes.
E aqui deixem-me abrir um parênteses para pedir a quem ache que o Oporto vai “buscar” jogadores a outros clubes para apresentar um único caso em que isso tenha sucedido. Todos os jogadores que recentemente se mudaram para o Oporto fizeram-no de livre e própria vontade e porque acharam que teriam melhores condições e ambiente para jogar e crescer como jogadores. Quem disser ou insinuar o contrário está a mentir e a criar rumores falsos.
O Golf é um jogo fantátisco, capaz de incutir nos mais jovens valores da maior importância para o futuro, depositando no próprio jogador a responsabilidade de respeitar as regras e ser honesto quanto à sua performance.
Por isto tudo (e muito mais havia a dizer), não deixemos que ataquem esta nossa modalidade com apelos descabidos a manisfestações ou boicotes tipo CGTP ou com ataques despropositados e gratuitos.
Já é difícil conseguirmos aumentar o número de praticantes, mas se continuarmos neste clima de agressão contínua pode tornar-se totalmente impossível.
Há espaço para todos no Golf, seja em Clubes com campo, seja em Clubes sem campo. E todos os clubes, desde que funcionem de acordo com as Regras, são importantes, cada um no seu lugar, cada um com o seu contributo.
domingo, 19 de junho de 2011
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Parabéns por mais um excelente e oportuno artigo!
ResponderEliminarAbraço,
Fernando Serpa
Miguel, como sabes eu estou de acordo contigo e fui quem incendiou aquela discussão no facebook. Concordando que há espaço para todos, julgo que devemos analisar bem quais as razões porque não conseguimos aumentar o nemuero de praticantes e se esta proliferação de clubes que a FPG permitiu, cada um com a gestão dos hcp's dos seus membros é uma ajuda para o desenvolvimento do golfe ou pelo contrário um travão a um crescimento quantitativo e qualitativo da modalidade. Eu sei de que o argumento da FPG é que verdadeiros clubes com campo só existem meia duzia em Portugal, ou seja, muito poucos clubes são realmente donos do seu campo, mas todos sabemos de que não é disso que estamos a falar. Bastava que fossem criadas regras e que cada campo pudesse ter apenas um ( talvez dois ) clubes agregados e estava resolvido o problema. Eu entendo que esta politica possa ter sido uma tentativa de ter mais golfistas mas os numeros indicam que não resultou, talveaz seja a hora de protegermos os clubes tradicionais que vivem com dificuldades. Os proprios campos tambem têm de ganhar coragem e fazer uma politica que os defenda, afinal são eles que têm a faca e o queijo na mão. Abraço Rui Coelho
ResponderEliminarCaro Miguel,
ResponderEliminarEste teu artigo é excelente!
Relativamente as "transferências",essas pessoas que falam e comentam o que não sabem, devem ler muitos jornais desportivos...confundem o golfe com o futebol.
Quanto a "A Etiqueta (parte do livro de Regras"
Quero contar este maravilha!
Ontem no nosso campo,no Inter Paires,estava no tee do dez a espera de jogar e começo a ver um jogador a fazer um "free drop" pois a bola estava numa tampa de rega.
Até aqui tudo bem! Faz o drop e a bola desliza um pouco, esse jogado pega na bola coloca-a num ALTINHO... claro para facilitar! Não contente com esta atitude volta a repetir colocando-a ainda melhor um pouco. Eu permaneço a olhar faço um gesto com a cabeça a reprovar o acto e digo "Então..." ele um macaquinho de imitação repete o gesto que eu fiz. Da a sua tacada...e esta tudo bem! Que maravilha de golfista!
Para meu espanto depois de conferir no draw verifico que é um jogador de Hand 9.
Deve ter aprendido a jogar golf na Playstation.
Abraço
Boa tarde Miguel,
ResponderEliminarConcordo com a tua opinião. Há efectivamente espaço para todos: clubes com e sem campo, desde que todos os jogadores cumpram as regras e etiqueta
O situação que o nosso amigo anónimo descreve é infelizmente mais do que usual nos dias de hoje
O infractor violou regras de golfe e não só as de etiqueta! Devia ter levado 4 pancadas de penalidade (duas por cada infracção)
O que se calhar o nosso amigo anónimo não saberá é que tem a obrigação, de dar conhecimento da infracção ao marcador (se não for ele próprio), e se necessário à comissão técnica. Se não o fizer, e de acordo com as regras, pode ser desclassificado. Ver decisão da regra 33-7/9
Espero que não leve a mal a minha observação
No passado, também "fechei" os olhos a muita coisa, pura e simplesmente porque não estava com paciência para me aborrecer. Para problemas já bastavam os do dia-à-dia....
Mas "deixei-me" disso: as regras são para cumprir e ponto final. E por causa disso já perdi alguns supostos amigos de golf.
Um abraço
Miguel Vareta
Muito obrigado pelos vossos comentários!
ResponderEliminarCaro Rui, estou completamente de acordo contigo. Poderia ser uma boa solução para evitar a proliferação dos clubes sem campo. Caro Miguel, a situação que o Anónimo (gostava que dissesse quem é porque até é meu consócio) é deplorável! Qualquer infracção deve ser sempre denunciada, seja ela praticada por quem for. Só assim podemos protejer o Golf! Eu próprio já denunciei algumas...Abraços
Ao contrário das opiniões expressas aqui, sobre a temática clubes sem campo, não creio que o problema seja a sua existência, aliás que na sua grande maioria mais não são do que as "societies" das Ilhas Britânicas, mas sim na atribuição indescriminada do poder de conferir handicaps. Voltarei a esta questão posteriormente. Apesar de não ser jurista, julgo saber que não é possível impedir o direito de associação e a sua filiação na FPG, o que torna desde logo impossível qualquer acção como a sugerida pelo Rui. Aliás nem a considero recomendável. O que é necessário, é uma maior intervenção pela Comissão de hdcp da FPG, que em vez de andar a produzir relatórios, por certo muito interessantes e importantes, ou a cobrar pelo CR, se dedicasse mais à que considero uma atribuição muito importante, que é a fiscalização das Autoridades de Hdcp. E que não se pense que essa fiscalização se esgota nos clubes sem campo, mas também nos outros, pois aí muito haveria a dizer. É que a transferência de jogadores ocorrida entre os clubes tradicionais e os sem campo, foi exponenciada pela possibilidade de ter um hdcp, para se poder continuar a jogar o que carinhosamente chamo de "torneio da pipoca" à falta de outro epíteto. Uma coisa que se poderia fazer, na minha modesta opinião, é a diferenciação pelo que cada clube traz ao golfe e não golf (não concordo com o Miguel nesta questão, pois isto é português), nomeadamente na formação de novos jogadores. Aí sim, é possível separar o trigo do joio, com o aumento das taxas que cada clube paga para a FPG, sendo atribuído um desconto grande aos que realmente investem na formação e consequente divulgação da modalidade, desde que cumprissem determinados requisitos, a publicar anualmente pela FPG. Mas não através do nº de hdcp atribuídos, mas sim através de escolas de golfe em cada clube, com programas aprovados etc. Isto traria mais jogadores, cumprindo a função social que cada clube tem para com a sociedade. Muito mais haveria a dizer sobre esta questão, mas não quero maçar mais quem se aventurou a ler este "post" (ou comentário), além de já me doerem os dedos de tanto teclar.
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