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sábado, 27 de fevereiro de 2010

A contínua degradação da AGNP

Este artigo vai incidir sobre uma instituição que me diz muito em termos de Golf: a Associação de Golfe do Norte de Portugal.

Nunca me vou esquecer que o primeiro torneio que ganhei foi o Campeonato do Norte de Juvenis em 2001. Nessa altura todos os bons jogadores gostavam de jogar os torneios da Associação, que era uma instituição bem vista pelos clubes, profissionais e todos os jogadores. Actualmente está completamente desacreditada e é constantemente posta de parte pelos melhores jogadores. Infelizmente, no ano passado já nem sequer se conseguiu ter jogadores para fazer o Campeonato do Norte de 1as Categorias!!

O principal problema está na concepção da associação...a AGNP é, actualmente, uma associação usada para organizar torneios sociais e não para a promoção do Golf!!

Nunca nos podemos esquecer que ela existe para servir os clubes (que são quem a sustenta) e não para ser servida pelos clubes. Ou seja, a direcção da AGNP deve trabalhar em constante comunicação com os clubes.

Isto não sucede porque os seus responsáveis têm opiniões completamente desligadas da realidade, senão vejamos:

Ainda há pouco tempo, no jantar anual da AGNP, consegui ouvir a Presidente da Comissão Executiva a dizer: “A AGNP é neste momento, uma Instituição competente e credível que foca os interesses na divulgação da modalidade agindo sempre de acordo e em sintonia com a Federação Portuguesa de Golfe.”, e mais: “Conseguimos reunir uma equipa técnica exemplar que se desdobra na exigência e rigor das provas realizadas querendo-se aproximar cada vez mais ao nível das provas da FPG e que insiste no ensino de regras promovendo acções de esclarecimento”!!! Eu, conseguindo (a muito custo) aguentar as gargalhadas que estas frases me provocam, fiquei a pensar se a Presidente estaria a falar da mesma AGNP que eu conheço…é que não podia estar de certeza! Que maior prova de falta de credibilidade e de sintonia com a FPG e de falta de rigor na organização de torneios poderia haver que a retirada, por parte da FPG, à AGNP da organização dos torneios do Projecto Drive??!!

E depois ouvi ainda mais uma frase fenomenal: “Apresenta-se ainda como elemento de união entre a Federação e todos os clubes e campos de golfe do Norte do país.”! Será que estamos como o Primeiro-Ministro quando fala num País que não existe e lhe chama Portugal??

Consequentemente, e sem abordar as competências dos seus responsáveis, é minha opinião que é urgente repensar o modelo organizativo da AGNP e, aqui sim, podemos olhar para outras modalidades para reformularmos este modelo.

Assim sendo, penso que a AGNP deveria ter a seguinte organização:
1)Assembleia Geral, Conselho Fiscal e Direcção;

2)A Direcção:

a.Seria composta por um máximo de 5 membros com reconhecida cultura de Golf;

b.Seria responsável pela representação institucional da AGNP, pelos contactos com os clubes, com a FPG e pela angariação de patrocínios;

c.Seria também responsável pela designação de uma Comissão Técnica;

d.Teria sobre sua dependência directa um Director Técnico;

3)O Director Técnico seria responsável por toda a parte operacional da Associação:

a.Teria de ser uma pessoa licenciada, jovem, a trabalhar a tempo inteiro, com disponibilidade para trabalhar ao fim-de-semana, com cultura de Golf e que saiba o que é jogar Golf a um nível elevado;

b.Teria de trabalhar em constante articulação com a Comissão Técnica, na qual teria assento;

c.Seria responsável por elaborar do calendário de provas, que seria definido de acordo com o dos clubes a fim de evitar conflitos de datas;

d.Seria responsável pela organização dos torneios da Associação (inscrições, draws, classificações, etc.);

e.Seria ainda responsável pela definição de critérios claros e objectivos que permitiriam seleccionar os jogadores para jogar matches em representação da Associação (evitava-se a balbúrdia que é hoje em dia e provavelmente as constantes humilhações que a Galiza nos impõe!);

f.Teria sobre sua dependência directa 1 ou 2 Monitores(possuidores do curso de treinador de nível I, mas com muito boas noções da modalidade e com capacidade para ensinar), que seriam responsáveis por divulgar o Golf junto das escolas a fim de persuadir os mais jovens a iniciarem-se e auxiliariam o Director Técnico na organização de torneios.

Em suma, este seria o modelo que, do meu ponto de vista, melhor poderia servir o Golf no Norte do País e assim relançar a AGNP para voltar a ser a Associação que agregava todos os clubes e não apenas alguns como acontece actualmente.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ainda os cursos de "profissionais"

Após ler os comentários ao post anterior vejo-me na obrigação de escrever novamente sobre este tema.

Joana (acho que Osório, mas se pusesse o segundo nome não ficava mal e evitava eventuais confusões), não se pode comparar modalidades colectivas com individuais. Quem perceber minimamente de futebol, sabe que, essencialmente, os treinadores ensinam os jogadores a se posicionar e movimentar em campo e não como marcar um golo de calcanhar ou fazer um cruzamento de letra! O Golf é das modalidades mais tecnicistas que existem no desporto, por conseguinte precisa de ser ensinada por alguém com conhecimentos profundos. Compará-las seria idêntico a comparar Terra com Marte, que a única coisa que têm em comum é pertencerem ao mesmo sistema solar!!

Continuando na análise dos seus comentários, defender que pessoas com hnd 18.0 podem ensinar iniciados, mesmo com um treinador experiente ao lado, é absolutamente utópico! Nenhuma pessoa merece ser ensinado por uma pessoa que nem sequer sabe as partes do swing. É evidente que lá por se ter hnd baixo não quer dizer que se possa ser bom treinador. Eu, por exmplo, tenho hnd 3 e acho que não sei o suficiente ao nível da análise do swing para ser professor de Golf. Mas que ajuda, ajuda e não é pouco!

Fui ver o link que pôs no primeiro comentário e diz lá que para entrar no curso de nível I tem de se demonstrar “playing ability”, portanto é muito vago e não serve de ajuda para discutirmos este assunto.

Marta, gostei do que escreveste e acho que complementa muito bem o meu primeiro artigo. A tua ideia de formar monitores pode ser bastante interessante para promover o Golf junto das escolas.

Em relação aos restantes (tanto no blog como no Facebook), resta-me agradecer os elogios e a participação! Espero que continuem a comentar, pois o objectivo principal deste blog é contribuir para a discussão em torno deste desporto que nos diz muito!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Cursos de “profissionais”

Infelizmente, só hoje tive tempo para escrever um artigo! Primeiro, tenho de agradecer as várias mensagens de parabéns que já recebi sobre o blog vindas de todo o país. É um sinal que este blog está a começar a cumprir o principio para o qual foi criado: fomentar a discussão sobre a modalidade e tentar encontrar novos caminhos para aumentarmos não só o número de praticantes, mas também a qualidade dos mesmos! Adiram ao grupo “O meu Golf” no Facebook e comentem à vontade tanto lá como aqui!

Passando ao tema deste artigo, há pouco tempo disseram-me que para se tirar um curso de profissional de Golf em Portugal o handicap máximo admissível era 18.0! Eu não acreditei, mas fui ver o regulamento e é verdade!!! Como é que isto pode ser possível?? Uma pessoa com handicap 18 pode alguma vez ter noções suficientes par poder dar aulas de Golf? A resposta é evidente: NÃO!

Mas vamos olhar para os outros requisitos de entrada no curso de nível I:

a)Possuir licença desportiva da Federação Portuguesa de Golfe;

Há quanto tempo? Não interessa? Se uma pessoa tiver hnd 18 e um ano de golf já pode ser profissional!

b)Ter o máximo de 18,0 de Handicap – EGA;

Este é para rir, senão tinha que chorar…

c)Ter pelo menos a escolaridade obrigatória e a idade mínima de 18 anos;

Este é pacífico e sensato.

d)Ficar qualificado na Prova de Jogo de acordo com o regulamento específico da respectiva competição, nunca inferior a duas voltas de 18 buracos, a definir anualmente em função do número de candidatos inscritos, tendo de obter no conjunto de duas voltas um mínimo de 32 pontos Stableford Gross;

Este também é inacreditável: 32 pts gross em duas voltas, portanto 40 acima do par (sem contar com triplos e quádruplos bogeys).

e)Aprovação em prova escrita de português (1 folha A4, cerca de 200 palavras) sobre tema a definir. Esta prova é considerada eliminatória, ficando dela isentos os candidatos com habilitações iguais ou superiores ao 12º Ano de escolaridade.

Também pacífico.

Com estas regras, não é de admirar situações como estas três que me contaram: numa das aulas do curso, um aluno não sabia o que era St. Andrews; noutra aula, outro aluno não sabia o que era o “take-away” no swing (talvez estivesse a pensar na Pizza Hut); noutra aula, esta prática, cada vez que uma pessoa dava um “top” a explicação dos futuros professores era aquela que ouvimos sempre: “tiraste os olhos da bola”!.

Ora, num país onde o primeiro-ministro tirou o curso ao domingo, onde há administradores de empresas públicas com habilitações suficientes apenas para um lugar de secretariado, vamos começar a ter professores de Golf sem as mínimas noções da modalidade. O que é que estes professores vão ensinar aos alunos? Como é que os alunos o respeitarão se o professor não é capaz de dar um “draw” ou um “fade” para exemplificar, se não sabe dar um shot do bunker, se não sabe explicar todas as modalidade (stableford, strokeplay, match-play, etc.) para não entrarmos no plano da etiqueta…da forma de estar no campo, na forma de cuidar do campo, na relação com os outros jogadores, enfim podíamos estar aqui todo o dia a enunciar conceitos atrás de conceitos.

É este o modelo de desenvolvimento desejado pela Federação? Pôr pessoas que não percebem nada da modalidade a ensiná-la? Ou é apenas mais uma forma de tentar aumentar desesperadamente o número de praticantes de Golf em Portugal? Eu gostava que algum dia alguém me conseguisse dar uma resposta a estas perguntas...